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sábado, 28 de março de 2020

Tom, Vinícius, Toquinho, Miúcha


Com o sucesso do disco Miúcha & Antônio Carlos Jobim, lançado no começo de 1977, o dono do Canecão Mário Priolli, convidou Tom Jobim e Miúcha para fazerem um show na casa. Aloysio de Oliveira, convidado para para dirigir o espetáculo, achou estranho, o Canecão sendo tão grande era loucura ser feito o show com apenas os dois, então surgiu a idéia de dividir o palco com Vinicius de Moraes e Toquinho.

Os acompanhado estava o maestro Edson Frederico regendo a orquestra de apoio e o coro formado por Beth e Aninha (filha e futura esposa de Tom, respectivamente), Olívia Hime, Georgina (filha de Vinícius) e Maria do Carmo, Ana de Holanda e Cristina Buarque (as três irmãs Buarque de Hollanda), o show foi preparado em apenas duas semanas.

O show deveria ficar por dois meses no Canecão, mas foi tão bem sucedido que a temporada foi estendida por sete meses. Depois o espetáculo foi levado para Argentina onde ficou por um mês, para São Paulo e pela Europa (Paris, Londres e Itália).

O disco foi gravado no Canecão, sendo registrados os melhores momentos do show.

Texto retiraddo de | Inclinações Musicais

1977 | GRAVADO AO VIVO NO CANECÃO

01. Abertura: Estamos Aí-Dia da Crianção-Tarde em Itapuã-Gente Humilde
02. Carta ao Tom
03. Corcovado
04. Wave
05. Pela Luz dos Olhos Teus
06. Saia do Caminho
07. Samba pra Vinicius - Vai Levando
08. Água de Beber - Garota de Ipanema - Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão)
09. Minha namorada
10. Chega de saudade

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quarta-feira, 18 de março de 2020

Lourenço Baeta


Eis o disco solo de Lourenço Baeta, um dos fundadores do grupo Boca Livre, o qual se destacara também por suas belas composições. Nesse LP dá para termos uma ideia mais profunda do trabalho de Baeta, musicando poemas de Cacaso, Sérgio Natureza e Aldir Blanc.

É um disco tranquilo, cheio de arranjos delicados, feitos por Baeta, Dori Caymmi e Gilson Peranzzeta, executados com extrema competência por um time de instrumentistas de peso.

Texto | Criatura de Sebo

1979 | LOURENÇO BAETA

01. Santa Marina
02. Meio-termo
03. Festa no Céu
04. Dia dos Pais
05. Cantos
06. A Última Diligência
07. Entre Aspas
08. Vapor da Traição
09. Feito Mistério
10. Luz e Sombra

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domingo, 8 de março de 2020

Raul Seixas


Raul Seixas leu o livro Hinduísta Bhagavad-Gita três vezes em sua vida. O livro, no entanto, só foi absorvido em seu próprio canto na terceira vez, quando Raul já se interessava pela filosofia e quando resolveu se inspirar para escrever a música que daria nome ao seu talvez mais bem sucedido álbum.

A parceria com o então “jornalista” Paulo Coelho, trazia um conhecimento infinitamente mais profundo para suas canções. Em comparação com as músicas compostas por outros artistas contemporâneas a Raul, “Gita“, entre outros trabalhos, possuía diversos níveis de entendimento, indo contra as letras rasas e monotemáticas da moda.

O álbum, lançado em 1974, trouxe a Raul e a Paulo a mudança drástica de suas vidas. Mudança de país, de realidade. Eles atingiram o sucesso musical absoluto com o disco de ouro. Mas estavam nos Estados Unidos, em exílio, principalmente por causa da música “Sociedade Alternativa” que evocava “A Lei“, criada pelo mago Aleister Crowley em 1904.

A música trazia o número da Besta, presente no livro do Apocalipse, na Bíblia, evocando-o como o número do homem. Uma utilização da simbologia cristã de forma radical, feita para chocar e já usada pelo próprio mago Crowley. A música, acima de tudo, dava viva a uma nova sociedade. Algo extremamente perigoso em meio a uma ditadura militar.

Durante o exílio foi que Raul Seixas teria supostamente conversado com John Lennon, qua havia se interessado pelo projeto da Cidade das Estrelas. A verdade sobre esse contato só veio a tona com o lançamento da Biografia “O Mago” de Paulo Coelho, que deixava claro que tal conversa entre os dois ídolos do Rock nunca havia acontecido.

O álbum ainda trouxe a música “Trem das 7” em um dos primeiros momentos em que Raul usaria a analogia do trem para ilustra a vida. Analogia trazida novamente à tona por Paulo Coelho em seu mais recente livro, “O Aleph“. O contexto filosófico dessa analogia foi posteriormente e profundamente analisado no livro “Metamorfose Ambulante” de Mário Lucena e colaboradores.

Um dos grandes méritos de Raul estava no fato de conseguir abordar questões tão densas de forma leve, por vezes quase infantil. A genialidade do artista se mostrava afinada ainda em momentos como na irônica “Super Heróis“, rasgando a realidade do momento em duras críticas disfarçadas em um rock simples, de levada quase boba.

“Medo da Chuva“, uma das letras mais belas já escritas, falando declaradamente de uma espécie de liberdade que ultrapassa a que nos damos o direito de vivenciar, é mais um dos hinos impressos na carreira de Raul. Com linhas de harpa e orquestra, desfecho com coral e a participação de muitos músicos, mostra que os arranjos foram lapidados ao extremo.

E finalmente o hino “Gita“. Baseada no fragmento de texto do Bhagavad-Gita onde Arjuna interroga Krishna sobre seu significado, onde este responde:

“Entre as estrelas sou a lua… entre os animais selvagens sou o leão… dos peixes eu sou o tubarão…. de todas as criações eu sou o início e também o fim e também o meio… das letras eu sou a letra A… eu sou a morte que tudo devora e o gerador de todas as coisas ainda por existir… sou o jogo de azar dos enganadores…”

“Gita“, ao meu ver, mudou um pouco a face musical do país. Uma música com tamanha qualidade filosófica e poética, mantendo o contexto pop e sendo ouvida por multidões só pode confirmar para mim o tamanho da inteligência de Raul. Não há outro artista no Brasil que tenha sequer chegado perto dessa conquista.

Texto | Thiago Kerzer

1974 | GITA

01. Super Heróis
02. Medo da Chuva
03. As aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor
04. Água Viva
05. Moleque Maravilhoso
06. Sessão das Dez
07. Sociedade Alternativa
08. O Trem das 7
09. S.O.S
10. Prelúdio
11. Loteria da Babilônia
12. Gita

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