lsd

Mostrando postagens com marcador Lúcia Turnbull. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lúcia Turnbull. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de setembro de 2019

Lúcia Turnbull


Lucinha Turnbull pertence àquele grupo de artistas da música que embora não tenham gravado muitos discos, estará para sempre eternizada na história da música brasileira.

Quem tem competencia não depende exclusivamente da mídia e suas ferramentas para ter reconhecido o seu talento. E talento nessa moça é o que não falta. Tocou com uma infinidade de gente boa, principalmente com Gilberto Gil e Rita Lee, com quem ela formou a dupla “Cilibrinas do Éden”.

Das Cilibrinas surgiu shows e um disco que não saiu da gaveta (numa próxima oportunidade postarei este álbum que foi sem nunca ter sido). Lucinha é considerada a primeira mulher a tocar guitarra no Brasil. Falo em tocar, mas é tocar de verdade, a ponto de deixar certa vez, o deus da guitarra, Eric Clapton impressionadíssimo. Eles tocaram juntos, informalmente, certa vez em uma festa na casa do presidente da PolyGram.

“Aroma” continua sendo seu único disco solo. Um álbum bacana, mas que não faz juz ao talento desta artista. Ela bem que podia ter nos presenteado com outros discos, mas enfim…

Texto retirado de | Toque Musicall

1980 | AROMA

01. Aroma
02. Toda manhã brilha o sol
03. Sete sílabas
04. Capricórnio
05. Você todo dia
06. Burucuntum
07. Luminosa
08. De leve, levantando
09. Bobagem
10. Perto do infinito
11. Vento

DOWNLOAD

sábado, 10 de novembro de 2018

Cilibrinas do Éden


No mundo da música, se tornam folclore as histórias de “álbuns perdidos”, discos que foram gravados, mas não foram lançados durante anos, ou mesmo só “vazaram” para o público através de edições piratas. “Smile”, dos Beach Boys, “Cocksucker Blues”, dos Rolling Stones (esse, no caso, apenas um single), “The Ties That Bind”, de Bruce Springsteen & E Street Band, “Tecnicolor”, d’Os Mutantes e “Black Album”, do Prince, são alguns exemplos que nos levam a preciosidade presente neste texto.

Em 1972, Rita Lee estava confusa. Ela já tinha dois discos solos na bagagem que não cortavam o cordão umbilical com Os Mutantes – o primeiro, “Build Up”, de 1970, havia sido produzido por Arnaldo Baptista e Rogério Duprat, e o segundo, “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, de 1972, era um disco d’Os Mutantes creditado a ela – mas havia finalmente deixado a banda (ou, segundo a própria, convidada a se retirar) e não queria aceitar o conselho do diretor da gravadora Phillips, André Midani, de sair em carreira solo.

Rita era amiga de Lucia Turnbull, uma paulistana que, como ela, havia morado dois anos em Londres, e também participado das gravações de “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida” fazendo vocais. Com Lucia, Rita Lee decidiu formar a dupla Cilibrinas do Éden, buscando uma sonoridade calcada em violões e nos doces vocais de ambas, que soavam maravilhosamente bem juntos. “Cilibrina”, na gangue d’Os Mutantes, era a palavra código para maconha.

A dupla negociou um contrato com a gravadora, e logo foi escalada para tocar no mega-show Phono 73, um festival de música realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, entre os dias 10 e 13 de maio de 1973, que reuniu todo o elenco de contratados da Phillips, ou seja, o “crème de la crème” da música brasileira da época (a lista, imensa, trazia Caetano, Chico Buarque, Elis Regina, Jorge Ben, Raul Seixas, Wilson Simonal, Fagner, Erasmo Carlos, Gal Costa, Jards Macalé, Ronnie Von, Odair José e muitos, muitos outros).

E a estreia da Cilibrinas do Éden, numa quinta-feira, 10 de maio, abrindo para Os Mutantes, não poderia ter sido… pior. Com músicas desconhecidas, vaias retumbantes soaram durante a apresentação das moças no Anhembi. Rita sacou ali que o público não aceitaria bem um som tão acústico, e tratou de montar uma banda mais rock n’ roll, afinal, os tempos não estavam para sutilezas. Rita encontrou o Lisergia, grupo do guitarrista Luis Sérgio Carlini e do baixista Lee Marcucci, e partiu para o processo de composição e gravação do álbum d’as Cilibrinas.

O disco deveria se chamar “Tutti Frutti”, e as gravações ocorreram ao vivo em dezembro de 1973, no estúdio Eldorado, em São Paulo, sob coordenação de Liminha, em sua primeira produção. O resultado não agradou André Midani, que preferia muito mais Rita Lee solo do que um novo grupo, e vetou o projeto antes do disco ir para a fábrica. Antonio Bivar, então habitué da corte de Rita, conta que a produção foi caótica, divertida e amadora, e se a gravação não chegou ao mercado, tem como mérito ter servido para formar o que seria o embrião da nova banda de Rita Lee, a Tutti Frutti.

A única música aproveitada das sessões d’As Cilibrinas, e regravada para o LP de estreia de Rita Lee com o Tutti Frutti (“Atrás do Porto Tem uma Cidade”, 1974) foi “Mamãe Natureza”, justamente o primeiro clássico de sua carreira solo. Nesse disco, uma música foi o pivô da saída de Lucia Turnbull da banda: “Menino Bonito” tinha uma levada totalmente a lá Cilibrinas, com duas vozes e violões. Qual não foi a surpresa quando o disco ficou pronto, e à revelia da banda, a produção (de Mazola) apagou a voz de Lucia deixando apenas a de Rita com acompanhamento de pianos e cordas.

O sucesso só viria para Rita Lee e o Tutti Frutti, sem Lucia, no ano seguinte, em outra gravadora (Som Livre), e com outro LP (“Fruto Proibido”, de 1975, produzido por Andy Mills, também produtor de Alice Cooper), mas isso já é outro capítulo. Lucia Turnbull ainda participaria do disco/turnê “Refestança”, de Rita com Gilberto Gil, em 1977, e teria um certo reconhecimento emplacando “Aroma”, disco de 1980 lançado pela EMI-Odeon (e até hoje não relançado em CD).

Como um bom “álbum perdido”, a estreia d’As Cilibrinas do Éden circulou durante anos em fitinhas K7, nas mãos dos fãs mais descolados, e quase foi lançado oficialmente nos anos 2000 pelo pesquisador Marcelo Fróes, que esbarrou em questões financeiras, pois Lucia Turnbull, segundo entrevista ao jornal Folha de São Paulo, não aceitou a proposta de divisão de valores, alegando que o disco é de uma banda, não só de Rita, e o projeto foi engavetado.

Texto | André Fiori

1973 | CILIBRINAS DO ÉDEN

01. Cilibrinas Do Éden
02. Festival Divino
03. Bad Trip (Ainda Bem)
04. Vamos Voltar ao Princípio Porque Lá é o Fim
05. Paixão da Minha Existência Atribulada
06. Gente Fina é Outra Coisa
07. Nessas Alturas dos Acontecimentos
08. E Você Ainda Duvida
09. Minha Fama de Mau
10. Mamãe Natureza
11. Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Minha Vida
12. Mande um Abraço Para a Velha

DOWNLOAD