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sexta-feira, 29 de março de 2019

Equipe Mercado


Grupo de rock formado por Diana (voz), Leugruber (guitarra), Ricardo Ginsburg (guitarra), Stul (violão, baixo, piano e voz), Carlos Graça (bateria) e Ronaldo Periassu (percussão) em 1970 na cidade do Rio de Janeiro, tendo como influência maior o rock psicodélico dos anos 60.

Lançou em 1971 um compacto simples com as músicas “Os campos de arroz” e “Side b rock”, encerrando suas atividades no ano seguinte, e apenas dois compactos simples, o que soma um conjunto de apenas cinco músicas. E uma participação no LP “Posições”

Afora os Mutantes, a história do rock psicodélico brasileiro da virada dos 60 para os 70 é muito mal contada. Não que seja uma história extensa, longe disso, mas ainda assim ela contém algumas pérolas inacreditavelmente pouco conhecidas, quando não totalmente obscuras. A Equipe Mercado é uma dessas.

De mais significativo no mercado discográfico, apenas a participação com “Marina Belair” na mítica coletânea Posições, junto com Módulo 1000, Som Imaginário e A Tribo, em 1971. Além dessa faixa, apenas dois compactos simples, o que soma um conjunto de apenas cinco músicas. “Mary K no Esgoto das Maravilhas” é uma estonteante faixa de teatro musical aditivado, Broadway com LSD.

Se a parte de musical corresponde à parte palatável da melodia, grudenta até não mais poder, a parte aditivada corresponde à confusão entre as duas vozes, às intervenções incidentais (há um “bye bye blackbird” repetido à exaustão num dado momento), a todas as mudanças de andamento e acompanhamento, mas principalmente pela doidivanas letra da canção, que começa com “My name is Mary K, noiva da américa/ruiva de Robin Holly Wood/A ruiva noite noiva of Mary Pickford/A piquenique noiva de Douglas Fairbanks”.

Em matéria de irreverência, a canção é do nível das coisas mais irônicas dos Mutantes, como “Meu Refrigerador Não Funciona” ou a versão debochada de “Chão de Estrelas”. Mas o pique da Equipe Mercado é outro, e não se presta tanto a comparações. “Mary K no Esgoto das Maravilhas” é o amor por uma doce sabotagem da cultura pop americana (“This is the end, Mary Pickford, isso significa: acabou”) em seu próprio terreno de encantamento, as canções melosas de musical que se transformam em delírios esquizos e dissonantes.

É um pouco o mesmo charme de Uma Mulher É uma Mulher de Godard, a fofura do gênero e seu making of brechtiano. Uma música e um grupo criminosamente esquecidos da música brasileira, mas acima de tudo uma deliciosa brincadeira levada a sério que nos carrega em sua molecagem.

Texto retirado de | Woodstock Sound

1970-1975 | COLETÂNEA

Compacto 1970
01. Mary K no Esgoto das Maravilhas
02. Poesonscópio de Mil Novecentos e Quarenta e Quinze
Compacto 1971
03. Campos de Arroz
04. Side B Rock
LP Posições 1971
05. Marina Belair
Diana & Stul | Compacto 1972
06. Ai! Que Dor
07. Não É Preciso Correr
Diana Strella | Rock Horror Show 1975
08. Me Toque, Me Toque, Toque, Toque

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