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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Banda Black Rio


Formado em 1976, a Banda Black Rio era um ato necessário para complementar a interessante releitura brasileira do soul e do funk, que começou com Tim Maia alguns anos antes. Oberdan Magalhães (sax) e Barrosinho (trompete) já integravam o grupo Abolição, que tocava acompanhando o pianista Dom Salvador, até que ele (Salvador) resolveu partir para os Estados Unidos.

Percebendo a potência instrumental do grupo, Oberdan e Barrosinho criaram experimentações da música americana com a brasilidade do samba e da gafieira, até que criaram a BBR e gravaram, no ano seguinte, seu primeiro álbum, Maria Fumaça.

Boa parte do sucesso desse debut, naquele momento, pode ser atribuído à faixa de mesmo nome, que serviu como tema de abertura da novela Locomotivas, escrita por Cassiano Gabus Mendes (e considerada a primeira novela em cores).

Os temas instrumentais chamam a dança, seja no groove contido de “Caminho da Roça” ou na balada melódica que evoca o clima da bossa nova em “Junia” – com um gingado que lembra as ondas do mar e que poderia ambientar os clássicos mais melosos de um Tim Maia sentimental.

Assim como uma locomotiva fantasiosa e, ao mesmo tempo, urgente, a Banda Black Rio entregou em seu primeiro disco clássicos impossíveis de serem copiados com o mesmo balanço de outrora. Os reis da black music instrumental dão força ao título do disco na canção “Metalúrgica”, mostrando que o Rio de Janeiro, com suas praias, forte presença cultural e mulheres bonitas, também é uma cidade que depende do ritmo industrial para se desenvolver.

Mas a contribuição maior de Maria Fumaça é dar novas possibilidades à música instrumental, que se tornaram universais. Ritmos negros repletos de groove, como funk, jazz de big bands, samba, gafieira, soul e baião se mesclam com a intensa naturalidade de se tornarem algo único e, por si só, representativo na música como um todo. A Banda Black Rio criou uma forma de composição que deu outro panorama à black music.

Por isso, não haveria decisão mais acertada do que William Magalhães reavivar o grupo por volta de 1999 e colocar o groove para rodar novamente. Ainda que o único membro original da BBR seja Lúcio Trombone, William vem provando que é possível moldar o grupo com o tempo. Quem sabe o futuro não lhe reserve a experiência e o requinte musical de seu pai, Oberdan, que faleceu em 1984, encerrando os anos de glória do grupo?

Texto | Tiago Ferreira

1977 | MARIA FUMAÇA

01. Maria Fumaça
02. Na Baixa do Sapateiro
03. Mr. Funky Samba
04. Caminho da roça
05. Metalúrgica
06. Baião
07. Casa forte
08. Leblon via Vaz Lôbo
09. Urubu malandro
10. Junia

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Cry Babies


Esse Post é coisa séria.

Cry Babies não é só um LP Raríssimo. É um LP sensacional.

Começando pelo pelos músicos: Oberdan (Sax), Luis Carlos (Bateria), Paulinho (Piston), Serginho (Trombone), Osvaldo (Contrabaixo), Carioca (Tumbadora), Ovídio (Guitarra), Moacir (Piano) e Rosana e Aldo (Cantores), e de quebra a Participação de Sergio Carvalho (Órgão).

Para se ter uma idéia da Grandiosidade desses músicos, Oberdan e Luis Carlos integraram Bandas Históricas como Dom Salvador & Abolição e Banda Black Rio. Oberdan também participou, ao lado do sensacional Raul de Souza e do lendário baterista Robertinho Silva, do grupo Impacto 8.

Serginho Trombone dispensa apresentação. Trombonista e Arranjador com longa folha de serviços prestados à MPB. Também participou de bandas históricas como Dom Salvador & Abolição.

Temos ainda a Rosana Fiego, ou simplesmente Rosana, que décadas depois seria consagrada com a Música O Amor e o Poder.

O repertório é magnifico.

Com passagens por Kool And The Gang e Burt Bacharach. Muito Soul & Groove. Destaco a versão destruídora de Good Golly Miss Molly (Robert Blackwell / John Marascalco), antes conhecida nas execuções de Little Richard e Creedence Clearwater Revival.

Texto retirado do blog | Woodstock Sound

1969 | CRY BABIES

01. It’s My Thing
02. Kool & The Gang
03. Daydream
04. Hey, Blood
05. Questions 67/68
06. Blas Blas Blas Soul
07. More Today Than Yesterday
08. Caminhos Diabólicos
09. I’ll Never Fall In Love Again
10. Midnight
11. Good Golly Miss Molly

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sábado, 23 de fevereiro de 2019

Carlos Dafé

“Os ensaios, rangos e bauretes na Seroma não paravam de receber convidados. Muitos músicos nem faziam parte da banda, apareciam só pelo prazer de tocar e aprender com bons músicos. Um dos mais freqüentes era um pretinho magrinho de Vigário Geral, todo bonitinho, que tocava piano, baixo e órgão, além de compor e cantar muito bem. Com 20 anos, Carlos Dafé tinha sido fuzileiro naval, isto é, da banda dos Fuzileiros Navais, e depois de dar baixa formou o conjunto Fuzi-9, que o levou aos Estados Unidos e ao Caribe tocando em um navio. Na volta, gravou um compacto na Philips, na onda do soul. O disco não chegou a acontecer, mas, levado pelo divulgador Paulo Murilo, chegou às mãos e aos ouvidos de seu ídolo Tim Maia, que gostou muito do seu som e mandou chamá-lo.

A primeira visão que Dafé teve de Tim foi assustadora. Ele estava hospedado em um hotel no Lido, ponto de putas em Copacabana, e o recebeu completamente nu, felizmente debaixo de um cobertor com Janete. Ofereceu um uísque e disse que ficasse à vontade, estava contratado. No dia seguinte, Dafé já estava torrando bauretes e tocando entre as feras da Seroma — as musicais e as caninas.”

A apresentação acima faz parte do livro Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia, escrito pelo jornalista e produtor bem relacionado, Nelson Motta, e narra o início da carreira do soul man Carlos Dafé, até seu encontro decisivo com Tim. Se não bastasse ter o Síndico como padrinho, vale lembrar que Dafé, apelidado pelo autor do livro como Príncipe do Soul, teve uma breve passagem também pela banda Abolição, liderada por Dom Salvador, antes dos fatos acima citados. É fraco o rapaz?

O disco Pra que vou recordar, de 1977, foi a estreia de Carlos Dafé em um cenário esquentado pelo movimento Black Rio, e chegou a vender quase 250 mil cópias na época. Suas principais canções estão nesse registro, e podemos encontrar referências de algumas delas em músicas de Seu Jorge, Sabotage e Rappin Hood. Assim como Hyldon, Cassiano, Gerson King Combo, e tantos outros, Carlos Dafé não teve nas décadas seguintes o devido reconhecimento por seu talento, seguindo a sina do soul man brasileiro. Constantemente é visto dando uma palinha nos shows do Instituto, além de ter participado de algumas apresentações internacionais ao lado do carioca Arthur Verocai. Entenda o porquê.

Texto | Vitor Ranieri

1977 | PRÁ QUE VOU RECORDAR

01. De Alegria Raiou o Dia
02. Tudo era Lindo
03. A Cruz
04. Hello Mr. Wonder
05. Bem Querer
06. Pra que Vou Recordar oque Chorei
07. Zé Marmita
08. Bichos e Crianças
09. O Metro

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Fagner


Disco excelente na parte de arranjos e também na parte poética, confesso que eu tinha preconceito com o Raimundo Fagner mas esse disco me fez repeitar e gostar dessa fase setentista do cara.

Os arranjos orquestrados do gênio Hermeto Pascoal junto a um excelente time de músicos faz o disco ser muito rico em sons que vão do jazz, erudito, passando pela psicodelia nordestina da época e ritmos nordestinos diversos.

O time é formado por feras como o lendário Robertinho do Recife (guitarra), Paulo Braga (bateria), Itibere (baixo), nos sopros temos: Mauro Senize (flauta), Márcio Montarroyos (trumpete), Nivaldo Ornellas (sax) e JT Meirelles (também na flauta), fora Dominguinhos e Chico Batera ajudando na percussão.

Altamente recomendado aos amantes dos bons sons.

Texto retirado do blog | Woodstock Sound

1977 | ORÓS

01. Cinza
02. Flor da Paisagem
03. Esquecimento
04. Romanza
05. Epigrama nº 9
06. Cebola Cortada
07. Orós
08. Fofoca

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O Bando


No frenesi da Jovem Guarda, em 1965, Os Malucos - Diógenes Burani, (bateria), Paul de Castro, (guitarras e voz), Américo Issa, (guitarras e voz), Emilio Carrera, (órgão e piano), Rodolpho Grani,(baixo e voz) e Marisa Fossa, (voz principal) – apresentavam-se semanalmente nos lugares da moda, como o restaurante O Beco e a boate Urso Branco. Essa última casa recebia um evento patrocinado pela Coca Cola. Por intermédio do empresário Teo de Barros, (não confundir com o compositor), Os Malucos conseguiram lugar no evento ao lado de “Ronaldo Lark e os Versáteis”. O êxito na Urso Branco proporcionou uma excursão através da América do Sul e dois meses na Venezuela. Em Caracas, os garotos gravaram dezesseis programas de TV na principal emissora local, um deles acompanhando a atriz-cantora Sarita Montiel. “Chegando lá ficamos encantados com a salsa e outros ritmos locais. Ali pintou a idéia de colocar outro percussionista no grupo”, conta o baterista Diógenes.

Novamente em São Paulo, passaram a se chamar O Bando. O baterista Dudu Portes, amigo de Emilio, logo abandonou o programa televisivo O Fino da Bossa, apresentado por Jair Rodrigues e Elis Regina, para integrar a primeira banda brasileira com dois bateristas. O pioneirismo desses jovens músicos não parava aí: faziam um som bem arrojado dentro dos padrões psicodélicos, e, assim como os Beat Boys e Os Mutantes, eram sempre convocados a tomar parte no tropicalismo. Sob a égide e proteção de Solano Ribeiro, grande mentor da banda, conseguiram um contrato com Phillips do Brasil. André Midani apaixonou-se pelo som deles e, em busca de servir o mercado aberto pelos Mutantes, adicionou O Bando no cast da gravadora, colocando à inteira disposição deles os maestros Júlio Medaglia, Damiano Cozzela e Rogério Duprat. com a contemporaneidade do rock uniu a academia à tradição da garagem: “Não tinha pra ninguém... nós e Os Mutantes éramos os tais!”.

Em 1969, bem à vontade, entraram no estúdio Scatena para registrar o primeiro disco do grupo. Trabalhar com os maestros possibilitou o acúmulo de grande conhecimento na área de arranjos e orquestração. Para Diógenes, os maestros assumiam o papel de intérpretes: “A gente bolava os arranjos e eles traduziam nossa linguagem de cabeludos doidos ao pessoal da gravadora”. Em oito canais gravaram um disco com apoio o esmerado dos regentes. Elaboradas partes de cordas e metais pintam em vivas cores, sob o signo tropicalista, músicas do cancioneiro popular como “Disparada” e “Quem Sabe”, composições do grupo, de Caetano Veloso e a primeira e definitiva versão de “Que Maravilha”, música de Jorge Ben, com a qual O Bando concorreu no Festival da TV Tupi, conquistando o primeiro lugar.

Rio Grande

Muitas foram as incursões do Bando pelo sul do Brasil. Levados pelo Centro Acadêmico de Arquitetura da UFRGS, granjearam muitos fãns em Festivais nos Pampas. Nesse período conheceram os compositores Hermes Aquino e Laíz Marques. No Festival Universitário da Musica Popular Brasileira, em 1969, onde apresentaram-se Zé Rodrix, Danilo Caymmi e O Som Imaginário, O Bando defendeu “Pela Rua da Praia”, da dupla gaúcha Hermes e Laíz, e receberam um indesejado segundo lugar: “Só não vencemos porque éramos paulistas”. Com a agenda lotada, o Bando passou boa parte do ano de 69 viajando. No verão, arrendavam a boate Barbarela em Ubatuba, fazendo boa temporada e descansando. A “rotina era praia, ensaioe show”, lembrança de Diógenes.

Além da vida de rocker californiano, o grupo fez aparições nos programas televisivos de Wilson Simonal e no Jovem Guarda, de Roberto Carlos. O grande mérito pós-disco veio com a participação na peça teatral O Plug, espetáculo multimídia, com representações de tipo teatral, filme underground, audiofotonovela com participação de Décio Pignatari, Duprat e Grupo OEL. Entre colunas romanas, versos e os mais absurdos happenings, o Bando mostrava todo o seu balanço. A pesada sessão rítmica retumbava tal qual uma barulhenta sinfonia de Beethoven ou Berlioz. Com suas câmeras desbundadas, Rogério Sganzerla registra tudo. Era o ano de 1972, já próximo do crepúsculo da banda.

O fim do Bando foi uma conseqüência natural dos rumos musicais que cada integrante seguiu. A experiência com os maestros tropicalistas, produtores e empresários em uma época de franca expansão da indústria do disco no Brasil, proporcionou aos integrantes d’O Bando excelentes contatos profissionais, que acabou por direcioná-los para diversos caminhos

Texto retirado do blog | Brazilian Nuggets

1969 | O BANDO

01. ...E assim falava Mefistófeles
02. Fossa Boboca
03. Que Maravilha
04. Disparada
05. Vou Buscar você
06. Sala de Espera
07. Alegria - Alegria
08. Quem Sabe
09. Pela Rua da Praia
10. Esmagando Sua Sorte
11. Longe do Tempo

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domingo, 17 de fevereiro de 2019

Ronnie Von


Eis o famoso disco psicodélico do tio Ronnie. O primeiro da trilogia. Aqui, ele fez ao mesmo tempo um dos melhores discos de música brasileira e o maior suicídio comercial da história.
Junto a Arnaldo Saccomani e do maestro Damiano Cozzela, introduziram a psicodelia na música nacional com ecos de Beatles e Beach Boys, orquestrações e guitarras garageiras.

Abre com poesia em "Meu Novo Cantar" até entrar em uma levada pra lá de garage rock, passa por orquestrações sinfônicas com letra surrealista em "Espelhos Quebrados", guitarras com distorções Hendrixianas em "Silvia, 20 horas, domingo", passa pelo cancioneiro tradicional, onde mistura guitarras e efeitos, até terminar na circense "Canto de Despedida". Um disco amplo, plural que mostra a genialidade de um Ronnie inquieto que teve coragem pra fazer um dos discos mais impensados e anos luz a frente de sua época.

Totalmente incompreendido quando lançado, só passou a ter valor após 2000 quando foi eleito o melhor e mais raro disco de música psicodélica do mundo por uma renomada revista internacional. A volta por cima de um músico pra lá de antenado e corajoso. Disco irrepreensível e essencial.

Isso significa que tio Ronnie é um artista incrível e incompreendido?

Texto | Junior Ferreira

1968 | RONNIE VON

01. Meu Novo Cantar
02. Chega De Tudo
03. Espelhos Quebrados
04. Sílvia - 20 Horas, Domingo
05. Menina De Trança
06. Nada De Novo
07. Esperança De Cantar
08. Anarquia
09. Mil Novecentos E Além
10. Tristeza Num Dia Alegre
11. Contudo, Todavia
12. Canto De Despedida

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Paulinho Pedra Azul

Paulo Hugo Morais Sobrinho, o Paulinho Pedra Azul, é um cantor, poeta, artista plástico e compositor brasileiro.

Nascido em Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, no dia 3 de agosto de 1954.

Além de músico, também é autor de 200 telas a óleo e acrílico e de 15 livros.

Sua carreira artística teve início por volta dos 13 anos de idade, inicialmente com as artes plásticas. Enveredando pela música participou de um conjunto chamado “The Giants”, em que trabalhou com Rogério Braga, Mauro Mendes, Marivaldo Chaves, Salvador, Edmar Moreira e André, interpretando canções dos Beatles, The Fevers, Os Incríveis, Erasmo e Roberto Carlos, dentre outros.

A partir do final dos anos 1960 participou de festivais regionais de música e de poesia, tendo realizado inúmeros shows em cidades do interior de Minas Gerais. Nos anos 70, mudou-se para São Paulo onde morou por dez anos, período no qual trabalhou com o cantor, humorista e ator Saulo Laranjeira, também oriundo de Pedra Azul. Retornou depois para Minas, se fixando em Belo Horizonte onde até hoje reside.

Durante o tempo em que viveu em São Paulo gravou seus três primeiros discos. O LP de estréia fez grande sucesso com a canção que lhe dá o título: "Jardim da Fantasia", popularmente conhecida como "Bem-te-vi".

Com um estilo que varia do romântico à MPB, fortemente influenciada pelo Clube da Esquina, e com algumas composições de chorinhos, Paulinho Pedra Azul tem 21 discos gravados, a maioria deles independentes, tendo vendido cerca de 500 mil exemplares de toda a sua obra. É também autor de 200 telas a óleo e acrílico e de 15 livros, dentre eles “Delírio Habanero - Pequeno Diário em Cuba”, escrito durante visita à ilha de Fidel Castro.

Apesar de não ser um constante freqüentador da mídia de massa, Paulinho Pedra Azul consegue ser conhecido por um segmento específico que envolve principalmente universitários. Pesquisa feita pela AMAR (Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes), o destacou como o segundo cantor mais conhecido de Minas Gerais, perdendo apenas para Milton Nascimento.

Texto: Wikipédia

1982 | JARDIM DA FANTASIA

01. Ave Cantadeira
02. Pobre Bichinho
03. Valsa do Desencanto
04. Voarás
05. Nascente
06. Cortinas de Ferro
07. Jequitinhonha
08. Cantar
09. Jardim da Fantasia
10. Vagando

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Kris Kringle

Kris Kringle foi um projeto paralelo, um dos nomes de grife usados pelo grupo Memphis, campeão das domingueiras paulistanas no Clube Pinheiros e Círculo Militar em São Paulo, no início dos anos 70. O Memphis começou em 1966 como Bumble Bees e passou pelo Colt 45, mas também usou nomes de grupos fantasmas, como The Fox, Beach Band, Young Fellow, Joe Bridges e Baby Joe.

O Kris Kringle (Papai Noel em alemão) lançou o petardo “Sodom” em 1971. Entre as várias versões de músicas de sucesso, destaque para a versão heavy-psicodélica de "Help", dos Beatles, o progressivo jurássico de "Sarabande" e o som Deep Purple total de "That's my love for you". Tudo no lugar: riffs grudentos, solos sinuosos, bateria acelerada, vocal hard e coruscantes linhas de baixo do virtuose Nescau. E, claro, órgão Hammond sempre na hora certa e na medida. Do primeiro ao último sulco, rock puro na veia!

Um avanço para a época, o LP já foi lançado em estéreo, em ótima produção do mago de estúdio Cesare Benvenuti. Experimente ouvir com fones de ouvido de boa qualidade. Tudo foi gravado, mixado e masterizado (no talo!) à perfeição, no histórico Estúdio Gazeta (Estúdios Reunidos), na Av. Paulista, 900, no quarto andar do prédio da Fundação Cásper Líbero. Diferentemente até de CDs produzidos nos anos 90, o som é forte, redondo, encorpado e tonitruante. Nada de som de radinho de pilha, muito menos bateria de caixinha de fósforos. Meia hora de pau puro, para nenhum headbanger botar defeito!

Pelo grupo, passaram, entre outros: Dudu França (Joe Bridges), bateria e lead vocal; Marcos Maynard (Marcão), guitarra-base, órgão e vocais; Carlos Alberto Marques (Carlinhos), guitarra, saxofone e vocais; Juvir Moretti (Xilo), guitarra-solo e vocais; Marco Antônio Fernandes Cardoso (Nescau), baixo e vocais; e Otávio Augusto Fernandes Cardoso (Otavinho), guitarra-base, teclados e vocais.

Sodom é um lugar de confusão, cenas de tumulto, confusão e gritaria. Homem maluco ou lunático sem ordem! No conceito de Kris Kringle, a palavra recebe um novo e diferente sentido. Sodom vem a ser o som de duas vozes, Kris Kringle e Joe Bridges; separadamente explosivas e, quando juntas, incomparáveis.

Sodom são as cordas da guitarra, movidas ferozmente por Mark Kringle. Sodom é o movimento de Joe Bridges, que não toca, mas ataca sua bateria. Sodom é você, a audiência acompanhando o ritmo com as mãos, deixando-os juntos nesse palpitante ritmo, e seus pés acompanhando com a dança, porque o som os força a isso.

Enfim, Sodom é o agradável trabalho, excitação e exaustão que entram na criação de um LP que não é um LP, mas um ato final num longamente esperado sonho. É a criação de seis rapazes guiados por seu produtor. (Trad. Peja Prod.)


O encarte viajandão parece usar linguagem cifrada. Além disso, finge, na maior caradura, ser tradução de um suposto original em inglês. As ilustrações também são totalmente psicodélicas, "mutcho lôkas" mesmo, condizentes com a viagem musical proposta pelo disco. O álbum, disputado a tapa nos sebos nacionais e internacionais por até US$ 300, teve bastante repercussão, pois mereceu uma segunda edição em 1972, e até um single lançado na França.

Por: Silvio Atanes

1971 | SODOM

01. Louisiana
02. Help
03. That's My Love for You
04. The Resurrection Shuffle
05. Janie Slow Down
06. Susie
07. The Monkey Song
08. Sarabande
09. Mr. Universe
10. What You Want

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

The Buttons

The Buttons na verdade eram uma derivação do grupo The Snakes, que foi formado em 1963 na Vila Califórnia em SP, por: Alaor (baixo), Evandes e Carlão (guitarras solo), Milton (guitarra base) e Nelson na bateria. Tratava-se de um grupo instrumental que se apresentavam tocando exclusivamente musicas dos The Ventures e The Shadows.

Por volta de 64/65 o grupo mudou a formação saindo Evandes e Milton e entrando Sidney nos teclados e Carlinhos na guitarra base, mudando o nome e o estilo para, Os Botões, passando a tocar Beatles e os sucessos das rádios nos shows e bailes. Essa formação perdurou até 1970 quando gravaram com o nome de The Buttons um compacto com a musica Whispering, e em seguida um LP. Logo após a gravação foi a vez do Alaor sair do grupo para seguir sua carreira de empresário, (pra quem não sabe, o Alaor é fundador da Snake e Ookipik, quem não lembra dos aparelhos, falantes e guitarras fabricadas por ele) nesse ponto o Carlinhos assumiu o baixo e a banda seguiu com quatro músicos.

Em 71 sai o Nelson da bateria para a entrada de Eduardo (Transa som) que ficou pouco tempo dando lugar ao grande baterista Marinho Thomas, nessa época o grupo chegou a gravar com o nome de The Union, porém só obtiveram sucesso em 73 quando gravaram um LP com a musica Me and You já com o nome “Dave Maclean” que foi tema da novela da Rede Globo - Ossos do Barão.

Em 74 novas mudanças, saem Carlinhos e Sidney e entram: Mario testoni nos teclados e João Alberto no baixo. Com essa formação gravam um Lp com a musica We Said Goodbye que foi um enorme sucesso. Neste ponto acontece a mudança definitiva, Carlão passa a seguir sua carreira solo como Dave Maclean e João Alberto, Mario Testone e Marinho Thomas se juntam ao Casa das Maquinas.

Texto | Dave Maclean

1970 | THE BUTTONS

01. Happy Mary
02. Slow Down
03. Birds In My Tree
04. Dear Old Mrs. Bell
05. Moonlight Serenade
06. Look My World
07. The Sound Of Night
08. Free World
09. Why
10. I Never Tried
11. Whispering
12. I'm Thinking Of Rita

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sábado, 9 de fevereiro de 2019

Lailson & Lula Côrtes


Lançado em 1973 por Lailson e Lula Côrtes, o LP Satwa tornou-se uma lenda entre os colecionadores do rock psicodélico dos anos 70.

O raro ‘Paêbirú’ com Zé Ramalho é clássico, mas ‘Satwa’, desta vez com Lailson, é outra obra-prima do pernambucano Lula Côrtes, que não merece a obscuridade a que foi submetida por três décadas.

Gravado em 1973, o disco traz a dupla tomada por uma lisergia pós-Woodstock, capaz de assustar incautos ouvintes em pleno 2001. Músicas como ‘Alegro Piradissimo’, ‘Valsa dos Cogumelos’ ou ‘Blue do Cachorro Muito Louco’ não deixa dúvidas sobre o conteúdo do vinil tosco, mas com ótimo som.

Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções "produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula", como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em 'Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.

O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros "expansores da musculatura mental", como diz Arnaldo Baptista.

Fruto da cena nordestina pós-tropicalismo e/ou psicodélica, ‘Satwa’ foi "curtido" nos Estúdios da Rozenblit, em Recife, entre os dias 20 e 31 de janeiro de 1973. Participam do disco, ainda Paulinho Klein, que divide com Lula as "curtições fotográficas" e o engenheiro de som Hercílio Bastos (dos Milagres).

Com tiragem limitada e distribuição basicamente regional, o disco desapareceu tão logo surgiu, permanecendo como uma lenda para o restante do país. Sem reedição em vinil, e inédito em cd, ‘Satwa’ ainda não entrou para o catálogo informal de cdrs que, mal ou bem, democratiza o acesso à história musical do país.

Várias propostas foram feitas para relançar o álbum, mas os autores nunca consideraram isto necessário, pois um dos valores da obra é ter sido o primeiro LP independente gravado no Brasil.
Em janeiro de 2004, porém, o produtor musical Nemo, colecionador e proprietário do selo Time-Lag Records, de Portland, Maine, EUA, localizou Lailson através da Internet. Nemo produz LP's

em vinil para colecionadores em tiragens limitadas e sugeriu fazer uma nova edição de Satwa em vinil e em CD.

Desta vez os autores acharam a idéia interessante, pois até o nome do selo (que significa Lapso de Tempo) explicava bem o que tinha acontecido com a obra:ela tinha dado um salto no tempo para ser reencontrada 30 anos depois e ser melhor compreendida.

Como a matriz fonográfica do disco foi perdida na inundação da gravadora Rozemblit em 1975, foi feita a recuperação das músicas através de uma das últimas cópias originais em vinil que Lailson possuía, passando o som através de filtros para eliminar ruídos e chiados.

Lailson escreveu um texto para o encarte da nova edição e Erika Elder fez a nova produção gráfica, que mantém as capas exteriores como na edição original.

Texto retirado de | Musicaria Brasil

1973 | SATWA

01. Satwa
02. Can I Be Satwa?
03. Alegro Piradíssimo
04. Lia, A Rainha Da Noite
05. Apacidonata
06. Amigo
07. Atom
08. Blue Do Cachorro Muito Louco
09. Valsa Dos Cogumelos
10. Alegria Do Povo

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Recordando o Vale das Maçãs


O ano de 1977 viu nascer no Brasil um dos grupos mais fantásticos do rock progressivo nacional. Através do álbum As Crianças da Nova Floresta, o Recordando o Vale das Maçãs estabeleceu-se como um dos principais nomes da música na virada da década de 70 e para os 80, com canções que remetiam para as origens do rock progressivo, mas sem exagerar em técnica ou virtuosismo, apenas empregando letras sensacionais em arranjos belíssimos e encantandoramente trabalhados.

O Recordando o Vale das Maçãs foi formado em 1973, em Santos (SP) através dos amigos Fernando Pacheco (violões e voz), Fernando Motta (violões e percussão) e Domingos Mariotti (flauta, voz), com a ideia de tentar mostrar o som da natureza através da música. Motta e Pacheco já haviam tocado juntos nos grupos Os Lobos e End Up Six.

Com o passar dos anos novos músicos uniram-se ao grupo, sendo que Domingos saiu em 1977. Pacheco, Motta, Luis Aranha (violino), Moacir Amaral (flautas), Eliseu de Oliveira (teclados), Ronaldo Mesquita (baixo) e Milton Bernardes (bateria) gravaram As Crianças da Nova Floresta, gravado em 1977, mas lançado em 1978, e que é considerado por muitos (eu incluso) o melhor disco de rock progressivo brasileiro já lançado (na frente de qualquer um de O Terço, Mutantes, O Som Nosso de Cada Dia e Módulo 1000).

De uma forma geral, o disco apresenta letras similares às do Yes, contando histórias de alegria, superação, força de vontade e também alguns momentos de misticismo, sempre passando um lado "natureza" em todas as faixas, destacando o excelente trabalho entre flauta, violões e percussão. As canções do Lado A de As Crianças da Nova Floresta, tratam sobre esperança ("Rancho, Filhos e Mulher", mitologia ("Besteira"), loucura ("Olhar de Um Louco") e vida ("Raio de Sol").

Mas é justamente quando você coloca a agulha no lado 2 que você sente o diferencial do Recordando o Vale das Maçãs para as demais bandas do rock progressivo nacional daquela época. Tudo bem, "1974" é um clássico do Terço, "O A E O Z" é uma canção que caberia muito bem em qualquer disco do Yes, mas "As Crianças da Nova Floresta" está muito acima de todas as citadas.

O começo suave, com a flauta e os violinos sendo introduzidos ao mesmo tempo do violão e do baixo (que merece destaque em todo o álbum), dão sequência ao estribilho de teclados que leva ao início a letra ("quando eu penso nas voltas, que a vida, nos leva a dar ..."). O ritmo lento, com a flauta fazendo intervenções junto com a voz, é simplesmente encantador. A bateria segura de Milton marca a canção quase com uma precisão cirúrgica, enquanto a letra vai descorrendo sobre como se livrar dos problemas, vendo que outras pessoas tem problemas piores que você, que você precisa mudar algumas situações/opiniões para ser mais feliz. Enfim, um quase "Close to the Edge" brasileiro.

As harmonias vocais juntamente dos tecados vão aumentando o ritmo da canção, até chegarmos no momento onde você "encara os problemas de frente", com um belo solo de baixo seguido por uma sequência de solos de teclado e baixo. A flauta soa mais forte, acompanhada pelo violão de 12 cordas de Pacheco, onde as verdades que precisam ser vistas são mostradas.


"Olhe tudo do jeito que você quiser ver, mas antes olhe pra dentro de você, o caminho começa por aí" é o ponto mais forte da canção, que segue no mesmo ritmo, com o baixo tomando conta da canção juntamente com a letra e os acompanhamentos dos violões. Por fim, "unam-se as mãos e venham conhecer essas crianças, por que essas crianças são vocês" encerra a letra, mostrando que todos somos crianças, que temos que evoluir e não criar problemas, mas sim aprender a solucioná-los. Uma bela letra para uma bela canção, que termina com uma voz feminina angelical, que não dá pra saber se é de uma mulher ou de uma menina, mas que fecha com chave de ouro essa canção. Esses vocais foram feitos pela cantora Cristina Lobão, que saiu do grupo ainda em 1977.

O grupo acabou sendo contratado exclusivo da TV TUPI, chegando inclusive a ter um clip que passava 6 vezes por dia na TV, durante 3 meses. Paralelo a isso, o Recordando o Vale das Maçãs participavou regularmente de um dos maiores programas de audiencia na época, "Almoço com as Estrelas", apresentado por Lolita Rodrigues e Airton Rodrigues.

Em 1982, o grupo lançou o compacto "Sorriso de Verão/Flores na Estrada", que segue a mesma linha do LP lançado quatro anos antes, agora com o baterista Lourenço Gotti, mas infelizmente a banda não atingiu o sucesso que merecia. A TVTUPI já havia fechado, e o Recordando o Vale das Maçãs passou a gravar especiais para TV Cultura, e participando de programas na Bandeirantes e Globo, com "Sorriso de Verão" levando-os ao primeiro lugar nas rádios (FM) de Santos, onde permaneceram durante 6 meses.

Depois disso, o grupo separou-se. Em 1987, Fernando Pacheco lançou o excelente Himalaia, que conta com a participação de alguns músicos do RVM no lado A.

Nos anos 90, voltaram a fazer shows pelo Brasil, culminando no lançamento de As Crianças da Nova Floresta II (1994), o qual resgata canções de As Crianças da Nova Floresta e também de Himala, porém em versões instrumentais. O grupo foi descoberto na europa e no Japão, já que As Crianças da Nova Floresta havia sido lançado por lá, em 1994, os leitores da revista francesa Big Bang elegeram As Crianças da Nova Floresta II como o melhor álbum de progressivo daquele ano, recebendo então o convite, através da embaixada francesa, de participar do Fête de la Musique em Paris, em 1997. Em 2006, foi lançado Spirals of Time, que apesar de não conter o nome do grupo, foi gravado pelos mesmos integrantes que mantém o nome Recordando o Vale das Maçãs na ativa.

Atualmente a banda faz shows em Minas Gerais,ao mesmo tempo que Domingos e Motta acabaram de lançar o excelente Reunião, mantendo o charme e a pureza dos anos 70, cultivadas através da semigual suíte "As Crianças da Nova Floresta".

Texto  | Mairon Machado

1977 | AS CRIANÇAS DA NOVA FLORESTA

01. Ranchos, Filhos e Mulher
02. Besteira
03. Olhar de um Louco
04. Raio de Sol
05. As Crianças da Nova Floresta
06. Sorriso de Verão
07. Flores na Estrada


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Flaviola e o Bando do Sol


Outro representante da geração nordestina pós-tropicalismo, que teve em Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, sua expressão mais radical. Também pernambucano, Flaviola e o Bando do Sol gravou apenas um álbum, lançado pelo selo local Solar, em 1974. Com base em ritmos regionais, produziram um raro mix de folk-rock-psicodelia, que permanece com extrema atualidade. Instrumental rico, na base de violões, violas, guitarras, flautas e percussão.

Basicamente acústico, com uma poesia ímpar, o disco é mais um exemplo da energia, da vontade de crair algo novo, que abundava no Recife. Uma comparação com os ingleses de "The Incredible String Band" não é de todo absurda.

Participam do disco Flávio Lira (o Flaviola), Lula Côrtes, Pablo Raphael, Robertinho of Recife, e Zé da Flauta.

Texto retirado do blog | Brazilian Nuggets

1974 | FLAVIOLA E O BANDO DO SOL

01. Canto Fúnebre
02. O Tempo
03. Noite
04. Desespero
05. Canção do Outono
06. Do Amigo
07. Brilhante Estrela
08. Como os Bois
09. Palavras
10. Balalaica
11. Olhos
12. Romance da Lua
13. Asas

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