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sábado, 6 de julho de 2019

Casa das Máquinas


Estávamos em 1975, a repressão política e o subseqüente cerceamento do direito de expressão eram atos rotineiros e considerados legítimos pelos governantes, Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979). Para quem não era nascido ou era muito pequeno, é muito difícil entender o quadro político e social daquela época.

Somente para exemplificar, não se podia ler aquilo que não fosse do interesse do “Poder” constituído. Eu mesmo, nesse período, somente conseguia ler alguns dos exemplares do periódico e alternativo Jornal Pasquim (que contava com uma equipe de respeito como: Paulo Francis, Tarso de Castro, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Ferreira Gullar e muitos outros.), graças à astúcia do jornaleiro da esquina, que às vezes conseguia esconder um único exemplar antes da edição ser retirada de circulação. Fazia-se uma fila de espera para termos acesso aos raros exemplares “caçados”, que eram avidamente lidos, escondidos dentro da própria banca.

Cabelos longos eram sinônimos de maconheiro, marginal, bicha ou subversivo, verdadeiros inimigos internos. Uma simples e descuidada opinião em um bar, poderia ser o passaporte para um recolhimento involuntário e por vezes eterno no (DOI-CODI) Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna.

Bom, essa conversa toda, visa apenas mostrar como era difícil viver e criar naquela época, principalmente para as artes, fossem literárias, gráficas ou musicais.

Mas vamos ao que interessa. O Casa das Máquinas, com o seu 2º LP (Lar de Maravilhas) consolidou o conceito do que deveria ser o verdadeiro progressivo brasileiro. Na minha opinião, foi o melhor trabalho da banda e sem sombra de dúvida alguma, uma das melhores bandas de Rock Progressivo, senão a melhor, que o Brasil já teve.

“Já se pode sentir embora longe, os reflexos de uma revolução biológica, que vai se agigantando a cada momento que passa. A vida esta se modificando. A luz da transformação vem de todos os espaços, vem do infinito, onde máquinas e homens jamais conseguirão registrar ou ver, vem também do interior do próprio homem, onde Raio x de ciência alguma poderá revelar.” (B.J.Aroldo)

Acredito que o texto acima, retirado da capa interna do LP, seja suficiente para evidenciar o quão estava adiantada a mentalidade dos integrantes dessa fantástica banda. As excelentes letras, os primorosos arranjos e o flagrante virtuosismo dos músicos, são uma constante em todo o LP.

Lamentavelmente, provavelmente por pressão da gravadora (Som Livre) e a nova formação da banda, o Casa das Maquinas não deu continuidade à linha progressiva, dando maior ênfase ao Rock.

Texto retirado de | Progressive Downloads

1976 | LAR DE MARAVILHAS

01. Vou Morar no Ar
02. Lar de Maravilhas
03. Liberdade Espacial
04. Astralização
05. Cilindro Cônico
06. Vale Verde
07. Raios de Lua
08. Epidemia de rock
09. O sol / Reflexo Ativo

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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Grupo Medusa


Grupo instrumental formado por Amilson Godoy (piano), Heraldo do Monte (guitarra, bandolim e violão), Cláudio Bertrami (baixo) e Chico Medori (bateria e percussão), que atuou no início da década de 1980.

Em 1981, lançou o LP “Grupo Medusa”, contendo as faixas “Baiana”, “Zeby”, “Caminhos” e “Ponto de fusão”, todas de Cláudio Bertrami, “Medusa” e “Pé no chão”, ambas de Chico Medori, e ainda “Asa delta” e “Uma viagem”, ambas de Cláudio Bertrami e Chico Medori. O disco contou com a participação de Theo da Cuíca e Jorginho Cebion nas percussões.

Com nova formação, integrada por Amilson Godoy (piano), Olmir Stocker (guitarra e violão), Cláudio Bertrami (baixo), Chico Medori (bateria e percussão) e Theo da Cuíca (percussão), lançou, em 1983, o CD “Ferrovias”, contendo as faixas “Fantasia”, “Cheiro verde”, “Picadeiro” e “Beija-flor”, todas de Cláudio Bertrami, “Aduba-Lé”, “Pouso em Congonhas” e a canção-título, todas de Chico Medori, “Nordestina” (Alemão) (Olmir Stocker) e “Lamentos” (Pixinguinha e Vinicius de Moraes). O disco contou com a participação especial de Dominguinhos (acordeom).

Texto retirado de | Woodstock Sound

1981 | GRUPO MEDUSA

01. Baiana
02. Zeby
03. Caminhos
04. Medusa
05. Pé no Chão
06. Asa Delta
07. Uma Viagem
08. Ponto de Fusão

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domingo, 30 de junho de 2019

Tony Bizarro


Em 1977, depois de fazer parte da dupla roqueira Tony & Frankye, Tony Bizarro resolveu apostar na onda de black music que invadia o país e gravou o álbum Nesse Inverno, resgatado agora pela série Columbia Raridades, que o titã Charles Gavin produziu para a Sony. Ouvi-lo em 2001 provoca um efeito colateral: saudades do insuperável vozeirão de Tim Maia. Até que Bizarro não faz feio no papel de soulman. Com voz levemente rouca e a necessária atitude black, canta funks dançantes, como Não Pode (de Yara e Tulla), ou baladas românticas tingidas de soul, caso da faixa-título (parceria de Bizarro com Carlos Lemos).

Os arranjos de Lincoln Olivetti e Waltel Branco (que aparece erroneamente como Valter Branco, na precária ficha técnica da nova edição) esbanjam cordas, no melhor estilo disco, em faixas como Não Vejo a Hora (outra de Yara e Tulla) e Como Está Não Faz Sentido (do próprio Bizarro). Já a introdução de Que Se Faz da Vida (Yara e Tulla de novo) foi obviamente inspirada na trilha sonora que o norte-americano Isaac Hayes compôs para o filme Shaft. Difícil é engolir a versão funk de Adeus Amigo Vagabundo (de Frankye Adriano e Bizarro), um tributo piegas ao rolling stone Brian Jones, morto prematuramente em 1969, que soa fora de lugar (”tudo isso é passado, mas não podemos esquecer / que essa é a escola da vida e pagamos pra aprender / foi muito bom pra mim, mas bem melhor foi pra você”). Na verdade, é nas letras que o repertório de Bizarro mais falha.

Quem se der ao trabalho de usar uma lupa para ler a ficha técnica da contracapa original do LP (reduzida para caber no formato do CD), vai encontrar um elenco de músicos de primeira linha, como Lincoln Olivetti (piano elétrico, sintetizador e mini-moog), Robson Jorge (guitarra, órgão e clavinet), Mamão (bateria e harmonizer) e Zé Bodega (sax tenor), além da participação especial de Paulo Moura (sax soprano). O tempo acabou provando: como soulman, Tony Bizarro estava longe de ser um Tim Maia. Ainda assim, Nesse Inverno serve como veículo para uma reveladora viagem sonora pela década em que o pop brasileiro tentou virar black.

Texto retiraddo de | Por Trás da Vitrola

1977 | NESSE INVERNO

01. Não Vai Mudar
02. Nesse Inverno
03. Quem Sou Eu, Quem É Você
04. Não Pode
05. Adeus Amigo Vagabundo
06. Vai Com Deus
07. Enquanto A Gente Viver
08. Não Vejo A Hora
09. Que Se Faz Da Vida
10. Como Está Não Faz Sentido

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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Hyldon


“Na Rua, na Chuva, na Fazenda” é o álbum debut do cantor Hyldon e foi através dele que o músico conquistou grande notoriedade dentro do cenário da música negra brasileira, entrando para o hall de grandes cantores desse gênero, como Cassiano e o eterno síndico, Tim Maia. Talvez você não conheça muito ou nada deste cantor, mas vale a pena conhecer, especialmente esse disco que a meu ver é uma verdadeira preciosidade e traz uma atmosfera positiva e tranquila do início ao fim. O excepcional baixo de Alex Malheiros é o grande destaque instrumental deste trabalho. As letras, de uma intensidade vigorosa e os vocais cheios de gana de Hyldon também se destacam com exatidão.

O disco abre com a homônima Na Rua, na Chuva, na Fazenda, música bem conhecida que já ganhou diversas regravações, mas que nessa versão percebemos a riqueza não só vocal como instrumental que ela possui. Em seguida a graciosa (e minha preferida pra vida toda) Na sombra de Uma Árvore, que vem com letra e ritmos totalmente envolventes, trazendo aquela atmosfera tranquila de paz e amor que falei lá no início do texto e uma sensação indescritível de saudosismo.

Vamos andar de bicicleta traz letra inocente, vocais bem trabalhados, belo conjunto de teclado, baixo e bateria numa harmonia simples e encantadora. As músicas Acontecimento, Vida Engraçada, As Dores do Mundo (que certamente você já deve ter ouvido na regravação do Jota ecat Quest), e a ritmada e atraente Guitarras, Violinos e Instrumentos de Samba também têm seu lugar de destaque.

Sábado e Domingo é de uma levada totalmente carismática enquanto Quando a noite vem traz a grande estrela do disco, mais uma vez ele, o baixo, e letra e interpretação extremamente intensas de Hyldon. O disco ainda traz as garbosas Eleonora, Balanço do Violão, Quando a Noite Vem e Meu Patuá, que fecha o trabalho com a mesma cadência setentista que o iniciou.

Disco encantador, de se ouvir do início ao fim naquele dia em que você pretende relaxar e ficar de bem com a vida.

E mesmo que você não esteja, depois de ouvi-lo, você ficará!

Texto retiraddo de | Cadê Meu Whiskey

1975 | NA RUA, NA CHUVA, NA FAZENDA

01. Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda
02. Na Sombra De Uma Árvore
03. Vamos Passear De Bicicleta?
04. Acontecimento
05. Vida Engraçada
06. As Dores Do Mundo
07. Guitarras, Violinos e Instrumentos De Samba
08. Sábado e Domingo
09. Eleonora
10. Balanço Do Violão
11. Quando a Noite Vem
12. Meu Patuá

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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Joyce


Segundo disco da cantora Joyce, seu Lp de estréia também pela Philips de 1968 era totalmente bossa nova tradicional, esse já traz coisas mais modernas e até toques psicodélicos/ tropicalistas, lembrando um pouco o que ela viria a fazer com o pessoal da Tribo um pouco depois.

Essa sonoridade se deve aos arranjos de Luiz Eça que usa órgão elétrico e orquestrações bem tropicalistas e pela participação de Nelson Ângelo nas guitarras e violões que viria a casar com a Joyce pouco tempo depois, ele também assina 2 composições: Como vai, vai bem? e Caminho pro sol.

Produção de Nelson Motta.

Texto retiraddo de | Woodstock Sound

1969 | ENCONTRO MARCADO

01. Adam, Adam
02. Encontro Marcado
03. Bom Dia
04. Copacabana Velha de Guerra
05. Como Vai, Vai Bem?
06. Asa Branca
07. Longe do Tempo
08. A Saudade Mata a Gente
09. Preparando um Luminoso
10. Pra Saber de Nada
11. Caminho pro Sol

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sexta-feira, 21 de junho de 2019

Caetano Veloso

Pela primeira vez, o nome de Caetano Veloso estampava sozinho a capa de um long play. Não está errado quem diz que o disco, apesar dos bons momentos, é mais revolucionário que bem-sucedido. Contudo, trata-se de um início importante, uma vez que o álbum homônimo de 1968 estabelece as diretrizes da obra que, desde então, vem sendo construída pelo compositor.

A canção de abertura, “Tropicália”, pode ser entendida como manifesto do projeto tropicalista, iluminando, em consequência, todo o repertório do disco. A emblemática “Alegria, Alegria” irrompe pouco depois, realizando, na prática, a síntese cultural anunciada na canção-manifesto. Destacam-se, também, as faixas “Onde Andarás”, parceria com o poeta Ferreira Gullar, “Soy Loco por Tí América”, de Gilberto Gil e José Carlos Capinam, e “Eles”, representação irônica e perspicaz do conservadorismo brasileiro.

A idéia de ter guitarras e teclados transitando em meio a canções nitidamente escritas para acompanhamento ao violão resulta em uma sonoridade confusa, indeterminada. Os instrumentos elétricos ainda soam, aqui, como enxertos necessários à realização da estética tropicalista. No entanto, vale ressaltar a importância dessa iniciativa diante da pretenção MPBista de isolar a cultura nacional em busca de uma essência fantasiosa e politizante (haja vista que, em 1967, tivemos uma “Passeata Contra a Guitarra Elétrica” em São Paulo).

Caetano Veloso nos apresenta um disco cuidadosamente pensado, ainda que não satisfatoriamente realizado. As canções, ambiciosas em seu aspecto poético, não encontram uma contraparte musical adequada. Enfim, as indeterminações do disco são resultado de uma tensão não resolvida, ou mal resolvida, entre os elementos locais e universais que alimentaram sua feitura.

Por | Pedro Martins

1968 | CAETANO VELOSO

01. Tropicália
02. Clarice
03. No Dia Em Que Eu Vim-Me Embora
04. Alegria, Alegria
05. Onde Andarás
06. Anunciação
07. Superbacana
08. Paisagem Útil
09. Clara (com Gal Costa)
10. Soy Loco Por Tí, América
11. Ave Maria
12. Eles

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terça-feira, 18 de junho de 2019

Miguel de Deus


Miguel de Deus foi um dos músicos mais versáteis dos anos 70, e ao mesmo tempo menos conhecido do grande público. Miguel nasceu em Ilhéus, na Bahia. Já morando no Rio de Janeiro em meados de 1969, formou a banda “Os Brazões” que explorava as influências africanas na música e na maneira de vestir e dançar. A banda fazia uma mistura de rock e psicodelia com elementos da música brasileira e africana e chegou a acompanhar Gal Costa em uma de suas turnês no final dos anos 60. Em 1974, Miguel de Deus criou a banda “Assim Assado”, muito bem “inspirado” no grupo Secos e Molhados.

Em 1977, Miguel de Deus criou talvez o LP mais obscuro da black music setentista brasileira, o disco: “Black Soul Brothers”. Convidado pela gravadora Copacabana para registrá-lo, o disco é exercício glorioso do movimento black brasileiro. Ilustrado por um poderoso cabelo black power na capa, Miguel registrava naquele momento a sua verdadeira faceta, essa que esteve presente sempre em todas as fases musicais que desfrutou. Envolto no mais puro clima de festa, Miguel de Deus gravou Black Soul Brother exatamente como quem fazia parte da música pela festa, e não o contrário.

Tudo soa magicamente solto e avesso a qualquer amarra caricatural ou poses: não é o vocal principal o maior primor técnico do disco, mas a espontaneidade com o qual solta e exterioriza bordões e pregações em nome do black e do soul. Assim ocorre com “Cinco Anos”, e até em uma nova versão de “Pedaços”, a mesma presente no disco da banda Assim Assado. Miguel não teve medo de transformar o maroto samba rock em funk rasgante, com espontâneos vocais e aquele climão.

Texto | Last.fm

1977 | BLACK SOUL BROTHERS

01. Cinco Anos
02. Pedacos
03. Mister Funk
04. Flaca Louca
05. Black Soul Brothers
06. Lua Cheia
07. Pode Se Queimar
08. Fabrica De Papeis

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sábado, 15 de junho de 2019

Marconi Notaro


Um olhar panorâmico sobre a secura da caatinga já exala cansaço. Aquele amarelo pálido adornado por galhos solitários e mandacarus espinhosos forma o cenário adequado para um embate quase diário: deus versus diabo.

Guimarães Rosa e Glauber Rocha falaram bem sobre isso como observadores distanciados usando personagens como apoio. Marconi Notaro me parece se juntar a esses personagens com este clássico No Sub Reino dos Metazoários.

Você está claramente diante de um herdeiro desse ambiente tão complexo quanto a caatinga. Não há menção ao trabalho, sol, família e dificuldades financeiras. A herança é entregue num verso de “Fidelidade”: ‘Permaneço fiel às minhas origens/Filho de deus, sobrinho de satã’. Não há cenário melhor para entender o parentesco entre Deus e o Diabo.

Lançado na obscuridade em 1973 e hoje tido como um clássico da psicodelia nordestina, No Sub Reino dos Metazoários é um trabalho bem substancial. Tanto, que não sei dizer se seria justo chamá-lo de psicodélico. (Talvez essa catalogação esteja viva por ter sido um lançamento do selo Rozenblit, de Recife, que tem em seu catálogo obras de Lula Côrtes, Lailson e os trabalhos psicodélicos de Zé Ramalho – Côrtes e Ramalho participam do disco, bom lembrar.)

Não há uma linearidade no disco. Começa com um samba divertido com “Desmantelado”, crônica botequeira de um viciado na ‘bola 7’ que ‘escova os dentes com cerveja’.

O andamento do álbum vem com “Ah, Vida Ávida”: começa com um barulho de chocalho indicando sonho. É um sonho com águas limpas (‘água na cacimba de Itamaracá’, diz o encarte), como dá a entender a sonoridade. Entra a realidade com os acordes de violão e da cítara: aí vêm barulhos de bichos como urubus numa sonoridade aberta que entrega a vastidão do cenário.

É ouvir de primeira que logo nos remetemos ao ambiente de um Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Quando somos apresentados ao rock de “Made in PB” ou às divagações de “Não Tenho Imaginação Pra Mudar de Mulher”, logo percebemos que estamos diante de um músico inserido no contexto dessa vastidão. Mesmo que sem querer.

Então, não entenda o rock de “Made in PB” como uma faixa mal produzida; entenda aquele ofuscamento como um recurso de afastamento. O cruzamento irascível de guitarras com os vocais lá ao fundo justificam o que se convenciona de psicodelia. Se é assim, então entenda aquele campo de vastidão como cenário perfeito para o gênero (e também para os experimentalismos subversivos de “Antropológica I” e “Antropológica II”).

Diz o dicionário que os ‘metazoários’ são um conjunto de animais pluricelulares diferenciados, sejam vertebrados e invertebrados. Quando Marconi faz essa classificação, o que vem para o ouvinte é a colocação: onde estão todos eles? Como se agrupam? Conseguem sobreviver?

E, novamente, surge no imaginário aquela vastidão pálida.

Texto | Tiago Ferreira

1973 | NO SUB REINO DOS METAZOÁRIOS

01. Desmantelado
02. Ah Vida Ávida
03. Fidelidade
04. Maracatú
05. Made in PB
06. Antropológica
07. Antropológica ii
08. Sinfonia em Ré
09. Não Tenho Imaginação pra Mudar de Mulher
10. Ode a Satwa

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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Egberto Gismonti


Um dos discos do genial artista que eu mais gosto, no disco rola uma mistura de jazz, erudito e música brasileira (principalmente samba e baião) mas também rola um tango misturado com jazz na faixa Tango que é uma coisa de louco, ainda mais com o lindo solo de sax do saudoso Paulo Moura.

A super cozinha fica por contra de Robertinho Silva e Novelli e também temos em algumas faixas na bateria o lendário João Palma que tocou em muitos discos do maestro Tom Jobim.

Texto retirado do blog | Woodstock Sound

1972 | ÁGUA & VINHO

01. Ano Zero
02. Federico
03. Janela de Ouro
04. Vila Rica 1720
05. Pr'um Samba
06. Água e Vinho
07. Volante
08. Eterna
09. Tango
10. Mulher Rendeira

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domingo, 9 de junho de 2019

A Gota Suspensa


Pouco antes do estouro pop/new wave do Metrô, havia A Gota Suspensa, que trazia na sua formação os mesmos cinco integrantes de um dos maiores nomes do pop rock nacional dos anos 80.

Seu único disco se tornou esquecido rapidamente. Em menos de um ano a banda enveredaria definitivamente na "nova onda" do rock brasileiro, aqui ainda transitavam na ponte imaginária que ligava resquícios de rock progressivo à new wave sombria da capital paulista.

Enquanto temas instrumentais dialogavam com o rock progressivo, "High society", "Voyage" e "Lotus", canções com a voz de Virginie adicionavam new wave ao cantar sobre amores urbanos, como em "Convite ao amor". A versão demo desta canção trazia outro título, "Pelas ruas do centro", que também era a frase do refrão depois substituído por uma frase em francês, idioma pátrio de Virginie. O francês garante letra também na progressiva "Pourquoi?".

A instrumental "Voyage" aproxima A Gota Suspensa dos nomes contemporâneos da Vanguarda Paulistana. "As aventuras do Homem Arame" é new wave até a medula, conta a história bobinha de aventura e amor em quadrinhos entre do personagem título com a Mulher Jujuba. Uma das melhores do disco.

O álbum lançado pelo desconhecido selo Underground Discos e Artes mostra uma banda que estava pronta para alçar vôos maiores, eram pop mesmo divididos entre a new wave e o rock progressivo. Seu único disco hoje é objeto admirado entre pesquisadores de rock progressivo brasileiro, mas não se trata de um disco de rock deste estilo. No ano seguinte ao lançamento A Gota Suspensa deu origem ao Metrô e no ano seguinte saia "Olhar", repleto de hits.

Texto retirado do blog | Disco Furado

1984 | A GOTA SUSPENSA

01. High Society
02. Convite ao Amor
03. Pourquoi
04. As Aventuras do Homem Arame
05. Voyage
06. A Gota
07. Sonho
08. Apocalipse
09. Lotus

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quinta-feira, 6 de junho de 2019

Marcos Valle


MARCOS VALLE | UM MÚSICO A FRENTE DO TEMPO

“A obra dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle não se resume a “Samba de Verão” e tampouco a “Viola Enluarada”. Ela vai além, muito além. O primeiro álbum dos irmão Valle, que data de 1963 e os quatro seguintes, possuem um caráter totalmente Bossa Nova. Mas é a partir de 1969, com o álbum “Mustangue Cor de Sangue”, que isso passa a tomar outro rumo.

Algumas faixas de “Mustang…” mostram o caminho que os irmãos seguiriam dali em diante.

No álbum seguinte eles caem de cabeça na cultura black. Funk, soul, samba, rock, psicodelia, jazz, tropicalismo e mais um milhão de elementos formam a vitamina musical gerada por ambos.”

1969 | MUSTANG COR DE SANGUE
Primeiro disco dessa fase mais “moderna” dele. Ai começaram as misturas do samba com soul, psicodelia e tropicalismo.

No baixo o grande Novelli , o lendário Vitor Manga (da Brazuca de Antônio Adolfo) na bateria e participação de Milton Nascimento nos vocais da última faixa.

Letras totalmente atuais, como a faixa titulo que critica o consumismo da sociedade.

01. Mustang Cor de Sangue
02. Samba de Verão 2
03. Catarina e o Vento
04. Frevo Novo
05. Azimuth
06. Dia de Vitória
07. Os Dentes Brancos do Mundo
08. Mentira Carioca
09. Das Três às Seis
10. Tigre da Esso que Sucesso
11. O Evangelho Segundo San Quentin
12. Diálogo
Faixas bônus:
13. Azymuth (Versão Alternativa)
14. Tigre da Esso que Sucesso (Instrumental)
15. Freio Aerodinâmico (Azymuth nº 2)
16. Beijo Sideral (Compacto)

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1970 | MARCOS VALLE (com Som Imaginário)
Nesse disco ele já vai mais além nas influências soul e funk, com ajuda do Som Imaginário que traz arranjos muito modernos pra epoca e temas também modernos como o sexo.

Participação dos Golden Boys nos vocais da faixa Esperando o Messias, onde também se destaca a Ocarina (flauta indígena) tocada pelo saudoso Zé Rodrix.

Destaque pra versão lisérgica de Grilos com direito a guitarra fuzz e pra suite Imaginária uma música bela e louca com total cara do Som Imaginário e vocais belos de Angela Valle (irmã dele), uma bossa nova progressiva.

01. Quarentão Simpático
02. Ele e Ela
03. Dez Leis (Is That Law)
04. Pigmalião
05. Que eu Canse e Descanse
06. Esperando o Messias
07. Freio Aerodinâmico
08. Os Grilos
09. Suíte Imaginária: Canção – Corrente – Toada – Dança
Faixas bônus
10. Esperando o Messias (Instrumental)
11. Freio Aerodinâmico (Instrumental)
12. Berenice (Compacto)

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1971 | GARRA
Disco com mais pegada Funk ainda, mas sem deixar de lado o samba claro.

Destaques pra Com mais de 30 (Titãs se inspirou nisso pra fazer 32 dentes), 26 anos de Vida Normal que foi gravada também pelo Tremendão e tem uma letra muito boa sobre comodismo e Black is Beautiful que ficou famosa na voz da Elis Regina.

A banda que toca no disco contava com feras como Robertinho Silva na bateria, Capacete que tocou com Tim Maia no baixo, Geraldo Vespar na guitarra e mais o grande pianista Dom Salvador.

01. Jesus Meu Rei
02. Com Mais de 30
03. Garra
04. Black is Beautiful
05. Ao Amigo Tom
06. Paz e Futebol
07. Que Bandeira
08. Wanda Vidal
09. Minha Voz Virá do Sol da América
10. Vinte e Seis Aanos de Vida Normal
11. O Cafona
Faixas bônus
12. Com Mais de 30 (Instrumental)
13. Garra (Instrumental)
14. Black is Beautiful (Instrumental)
15. Que Bandeira (Instrumental Alternativa)
16. Que Bandeira (Instrumental)
17. Wanda Vidal (Instrumental)

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1972 | VENTO SUL (com O Terço)
Em meados de 1972, O Terço participou da gravação do disco “Vento Sul” de Marcos Valle.

Também participaram em algumas faixas o trio “Paulo, Claudio e Maurício”, formado pelos irmãos gêmeos Paulo e Claudio Guimarães (flauta e guitarra) e pelo arranjador Maurício Maestro, além do guitarrista Frederiko (Fredera),e Robertinho Silva (bateria e percurssão) ambos Som Imaginário.

O Terço junto com Marcos Valle fizeram uma turnê por todo país e tocaram no Festival do Midem em Cannes, na França.

Discaço de folk psicodélico com levadas brazucas e latinas e flertando com Rock Progressivo.

01. Revolução Orgânica
02. Malena
03. Pista 02
04. Vôo Cego
05. Bôdas de Sangue
06. Democústico
07. Vento Sul
08. Rosto Barbado
09. Mi Hermoza
10. Paisagem de Mariana
11. Deixa o Mundo e o Sol Entrar
Bônus
12. O Beato (Compacto)

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1973 | PREVISÃO DE TEMPO (com Azymuth)
Discão totalmente Funk com pegada brazuka e participação do Power Trio Azymuth.

Muito uso de mini moog dando uma cara meio progressiva ao album, mas sem perder o groove.

Destaque pras faixas Mentira (sampleada pelo Planet Hemp) e Nem Paletó , Nem Gravata que tem uma letra totalmente Punk.

01. Flamengo até Morrer
02. Nem Paletó, Nem Gravata
03. Tira a Mão
04. Mentira
05. Previsão do Tempo
06. Mais Do Que Valsa
07. Os Ossos do Barão
08. Não Tem Nada Não
09. Não Tem Nada Não
10. Samba Fatal
11. Tiu-ba-la-quieba
12. De Repente, Moça Flor

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1974 | MARCOS VALLE
Disco mais pop com harmonias vocais sofisticadas feitas com auxílio do grande Tavito do Som imaginário, que aliás membros da banda como Wagmer Tiso (piano) e Robertinho Silva (bateria) participam do disco, além de parte do Azymuth , Bertrami (piano elétrico), Alex Malheiros (baixo, além dos lendários Luizão Maia (baixo) e Hélio Delmiro (guitarra).

Sonoridade entre os discos dos anos 70 do Elton John e do Clube da Esquina.

01. No Rumo do Sol
02. Meu Herói
03. Só Se Morre Uma Vez
04. Casamento, Filhos e Convenções
05. Remédio Pro Coração
06. Brasil X México
07. Tango
08. Nossa Vida Começa na Gente
09. Novelo de Lã
10. Cobaia
11. Charlie Bravo

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1973 | O FABULOSO FITTIPALDI (Marcos Valle & Azymuth)
(Trilha Sonora do Filme)


Um gênio pouco lembrado da música brasuca, começou na bossa nova mais tradicional e nos anos 70 caiu de cara na música black (funk soul).

Fez desde coisas mais pops e bem manjadas como Samba de Verão, até coisas totalmente ousadas e malucas como o disco Vento Sul que é bem psicodélico.

Fez também várias trilhas sonoras de filmes e novelas, inclusive o tema de fim de ano da Globo é dele.

01. Fittipaldi Show
02. Tema de Maria Helena
03. Vitória
04. Rindt
05. Acidente
06. Vinheta I
07. Vinheta II
08. Azimuth (Mil Milhas)
09. Tema de Maria Helena (Instrumental)
10. Virabrequim

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Texto retirado do blog | Woodstock Sound

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Almôndegas


A mescla de regionalismo com música pop, espécie de marca registrada da banda, surgiu meio que por acaso. Em um show no antigo "Encouraçado Botequim", o grupo cantou "Amargo", de Lupicínio Rodrigues, e a reação da platéia foi calorosa. Com o aval do público, os músicos passaram a repetir a apresentação em outros shows e levaram a experiência para o primeiro disco.

Gravaram o primeiro LP, "Almôndegas", em 1975, no mesmo ano do lançamento do disco "Aqui", trabalho este que colocou a faixa "Canção da Meia-noite" na novela Saramandaia. Em 1977, a banda partiu para o Rio de Janeiro, onde Kleiton, Kledir e Gilnei levavam outros sonhos na bagagem e contavam com o auxílio precioso dos novos integrantes João Baptista e Zé Flávio. Neste ano, vieram mais dois discos: "Gaudêncio Sete Luas", uma coletânea dos anteriores e "Alhos com Bugalhos".

A trajetória da carreira do Almôndegas culminou com o espetacular disco "Circo de Marionetes", de 1978 e que, partcularmente, considero como sendo o seu melhor disco. Este foi o último lançado pela banda. Em 1979 o grupo se desfez.

Mesmo iniciando sua carreira no circuito universitário e sendo lançado junto com as sementes do que viria a ser o Rock do Sul, o grupo nunca negou as suas raízes sulistas, tanto que participaram, em 1975, da 5ª "Califórnia da Canção Nativa", com a música "Piquete do Caveira". Seus componentes mais famosos foram os irmãos Kleiton e Kledir, que depois de se separarem da banda em 1979 fizeram muito sucesso em carreira solo, como uma dupla de MPB e Rock.

Texto retirado de | Bate-Boca & Musical

1975 | ALMÔNDEGAS

01. Sombra Fresca e Rock No Quintal
02. Até Não Mais
03. Teia de Aranha
04. Olavo e Dorotéia (Uma Louca Estória de Amor)
05. Quadro Negro
06. Gô
07. Daisy, My Love
08. Almôndegas
09. Vento Negro
10. Clô
11. Amargo

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